segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Jean Paul Gaultier

         História da grife Jean Paul Gaultier

Conhecido como o “enfant terrible” da moda francesa, Jean Paul Gaultier tem alma de popstar, alcançou o estrelato quando Madonna empunhou um sutiã de cone em uma turnê mundial e, com sua criatividade e ousadia à flor da pele, se tornou um dos maiores expoentes da moda, assim como fez com sua marca. Sua maior inspiração, tanto na moda quanto na perfumaria, onde suas fragrâncias são campeãs de venda, é o corselet rosa e a camisa de marinheiro, ícones usados nos frascos de seus dois mais famosos perfumes.

A história
Nascido no dia 24 de abril de 1952 em Arcueil, um subúrbio de Paris, quando menino Jean Paul Gaultier pouco queria saber dos brinquedos que tanto encantavam a garotada da época. Queria mesmo era criar bijuterias e acessórios com elementos que achava no lixo. Isso já revelava seu espírito transgressor e o precoce talento de unir opostos completos em uma peça de roupa. Não é à toa que a imprensa e a crítica de moda são unânimes em afirmar que Gaultier foi o responsável por levantar a discussão sobre o limiar entre o bom e o mau gosto por meio da prática da subversão. Depois de enviar seus desenhos para todos os importantes estilistas da época, no dia do seu aniversário de 18 anos, em 24 de abril de 1970, recebeu um contato da Maison Pierre Cardin: o autodidata Jean Paul Gaultier havia conseguido seu primeiro emprego com um dos mais importantes criadores da época.

No ano seguinte, uma rápida passagem por Jacques Esterel e pela Jean Patou, e então voltou a trabalhar com Pierre Cardin em 1974 para cuidar da loja do estilista francês em Manila nas Filipinas, onde chegou a desenhar para a primeira-dama do país e mulher do ditador Ferdinand Marcus, Imelda. E, finalmente, em 1976, já de volta a França, Gaultier, com a ajuda de seu parceiro Francis Menuge, assinou a sua primeira coleção e no ano seguinte inaugurou sua própria Maison. Era o surgimento oficial da marca JEAN PAUL GAULTIER e do estilo irreverente que se baseava mais no movimento punk londrino da época do que nas tendências da moda parisiense.

O nome de Gaultier ficará para sempre gravado na história da moda como um estilista que rompeu conceitos há muito estabelecidos, o que resultou em seu apelido: “enfant terrible” (“criança terrível” em português). Nos anos 80, ele ousou ao deixar aparente a lingerie, trazendo-a do interior para o exterior. E, em 1988, recriou a tradicional construção do traje masculino, ao propor saia para os homens, inspirado no kilt, o traje típico dos escoceses. Uma imagem dessa revolução lhe valeu, seis anos depois, o lugar no pôster principal de uma badalada exposição no Metropolitan Museum de Nova Iorque com o título Coração valente: homens de saia, com imagens e peças de top estilistas do mundo fashion, entre eles o próprio Jean Paul Gaultier. Causou também grande impacto nos desfiles ao utilizar modelos nada convencionais, como homens idosos e mulheres gordas, modelos tatuadas e com piercings, entre outras excentricidades. Isto lhe valeu muita crítica, mas também trouxe enorme popularidade para sua marca.

Em 1990, seu talento recebeu a coroação final ao ser ungido pela deusa máxima do pop, Madonna, que o elegeu como o estilista de sua turnê “Blond ambition” (do inglês, “ambição loira”). Graças a sua intimidade com a subversão, o estilista trouxe a lingerie à mostra e imortalizou em Madonna o corpete com os bojos cônicos, imagem que ficou registrada como um dos ícones do final do século. Esse foi apenas o início de uma íntima parceria entre a diva loira e o estilista, que muito rendeu - inclusive um pedido de casamento. Em 1995, Gaultier revelou à imprensa que, por várias vezes, teria proposto matrimônio à popstar, que lhe disse: “sim, Jean Paul, eu me casarei com você porque é o único homem que não me fez sofrer”. Quando questionado pela imprensa porque a idéia de matrimônio não teria sido concretizada, Gaultier inteligentemente retrucou: “um dia, nos casaremos de verdade, o que acontece é que ainda não criei um vestido de casamento adequado”.

Brincadeiras à parte, por duas temporadas, Madonna brilhou em desfiles do amigo. E, de acordo com a sua postura polêmica da época, sempre causando furor. Gaultier também deu um toque de Midas para o segmento dos cosméticos. Vários de seus perfumes bateram recordes de vendas por anos seguidos. O primeiro, feminino, foi lançado em 1993 e a embalagem remetia ao corpete criado para Madonna. O masculino Le Male arrasou quarteirão: ainda é best-seller em muitos países da Europa. Seus perfumes foram inovadores: os frascos tinham forma de corpos de homens e mulheres, e alguns vinham acondicionados em lata. Tal sucesso impulsionou o lançamento não apenas de cosméticos, mas também de uma linha de maquiagem para homens. Delírio para modernos e metrossexuais.

Outro ponto alto de sua carreira foi o ingresso no mundo da alta costura. Em 1997, ano em que completava duas décadas de sua marca própria, debutou no topo do mundo da moda e, ao lado de seu contemporâneo e também brilhante estilista, o francês Thierry Mugler, se celebrizou por renovar o mundo da alta costura, com desfiles performáticos e inesquecíveis. Em 2003, aceitou o convite da tradicional Hermés e assumiu a direção criativa da Maison francesa, sendo a primeira vez na sua carreira que desenharia para outra marca. Gaultier repaginou a estética tradicional da marca e foi muito elogiado pela imprensa, além de trazer enormes ganhos financeiros para a Hermés até 2010, quando deixou o cargo. Depois de muita negociação, em 2011, o grupo espanhol Puig (que detém as marcas Nina Ricci, Paco Rabanne e Carolina Herrera) adquiriu 60% da empresa, sendo 45% comprados do grupo Hermès e 15% do próprio Gaultier. Hoje em dia a marca possui três coleções principais assinadas pelo estilista: GAULTIER PARIS (alta-costura) e JEAN PAUL GAULTIER (ready-to-wear), para mulheres e homens.
              

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